domingo, 20 de novembro de 2011

Consumir com consciência

Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu, afirma que, através do consumo consciente, as pessoas poderão garantir a sustentabilidade do uso de recursos naturais e das relações sociais no futuro. Eis algumas das questões formuladas pela revista Rossi  e respondidas por ele:
RR No dia a dia, qual é o trabalho do Instituto Akatu?
Helio Mattar - Desenvolvemos um conjunto de pedagogias e conteúdos para cinco públicos diferentes. O primeiro deles é a publicidade, onde transmitimos a ideia de que todos nós somos agentes transformadores da sociedade ao consumirmos. Já o segundo, são os meios de comunicação em geral e seus formadores de opinião. Em terceiro, temos um grupo de 80 empresas que nos apoia financeiramente e dissemina o consumo consciente em meio aos seus clientes, funcionários e fornecedores. Além disso, com foco em ações mais educativas que de comunicação, mobilizamos os indivíduos para praticarem o conceito de sustentabilidade. E, por fim, falamos diretamente para líderes de comunidades, que multiplicam o conceito de compra consciente. Nos últimos dois anos, por exemplo, capacitamos 3.200 multiplicadores de uma grande rede de supermercados e de varejo, e essas pessoas fizeram o mesmo com outros 85 mil funcionários em 480 lojas de 17 Estados brasileiros. Agora, começamos a atuar diretamente em escolas, junto a alunos de 11 a 15 anos. Queremos que professores usem temas ligados à sustentabilidade ao passar as matérias.
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RR De 2006 para cá, o consumo pessoal cresceu bastante no Brasil. Qual a relação disso com o processo de conscientização das compras?
Helio Mattar - Consumir conscientemente não é consumir menos, mas de maneira diferente, seguindo outra equação. Sempre que possível, é interessante darmos preferência a conteúdos virtuais em detrimento dos físicos, a produtos locais, duráveis, renováveis e ao uso compartilhado das coisas, com vistas sempre ao impacto gerado na compra e no uso e descarte de mercadorias. Olhar para isso é importantíssimo, pois não há condições sócio-ambientais para todos terem tudo em excesso.
RR O que leva as pessoas a consumirem?
Helio Mattar A felicidade, por exemplo, termo explicado pelo Akatu como vida plena de significado e realizações. Estamos passando pelo momento em que temos a oportunidade de mudar o costume de consumir exageradamente, levando esse valor em conta. Para tal mudança ocorrer, as pessoas precisam se desvencilhar dessa roda-vida de consumo e trabalho e olhar para o que realmente é importante na vida delas. Consumir, claro, é necessário para nos mantermos materialmente vivos e bem, mas o que importa, de fato, são as emoções e as relações que temos.
RR A felicidade é bem representada no Brasil por meio de elementos como artes e esportes. É possível dizer que o País pode servir de modelo ao usá-los como ferramenta para a conscientização do consumo?
Helio Mattar - Sim. Não é à toa que os estudos sobre o nível de felicidade das nações nos apontam como sendo mais felizes que norte-americanos e europeus. Só que esse contexto positivo não combina com a situação na qual as pessoas precisam trabalhar mais para pagar dívidas cada vez maiores. Para elas, consumo não é satisfação, mas sim, insatisfação.
RR Como as empresas estão vendo essa necessidade de mudança no consumo?
Helio Mattar - Em janeiro estive no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suiça, e ouvi de executivos de grandes multinacionais que não há como pensar em planeta sustentável economicamente e a longo prazo sem o equilíbrio sócio-ambiental. Depois da crise financeira de 2008, as maiores corporações do planeta acordaram para o fato de que de tal harmonia depende a diminuição da violência e da garantia de existência de recursos para seguirmos consumindo no futuro.

Este endereço vai ser modificado, em breve, para www.mariliafleury.blogspot.com

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