quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Xô, tranqueira!

Morei durante muitos anos no interior de São Paulo, e escutava, frequentemente, o termo "tranqueira", em frases como: "Fulano é um tranqueira/ O marido dela é tranqueira/ Amigos dele? Tudo tranqueira!/Aquela lá só arruma tranqueira.". Ok, você já entendeu o sentido do termo, mas é bom reforçar. Tranqueira = sem valor, insignificante, à-toa, sem préstimo. Olhe ao seu redor e veja se, ao longo dos anos, você não tem abrigado, EM SEU PRÓPRIO E SACROSSANTO LAR, verdadeiras tranqueiras. A não ser que um objeto tenha, para você, um indiscutível valor estético ou afetivo que justifique sua presença, seja má, cruel mesmo, e jogue fora o bendito (ops, maldito).  Outra  alternativa menos drástica (e até altruísta) é oferecê-lo a quem lançar olhares cobiçosos em direção à tranqueira em questão. Uma dica para checar a real necessidade de conservar a tranqueira é contar quantas vezes você já justificou a presença do mimo com as seguintes frases: "Ah, até que é bonitinho, vai./ Mas a Fulana me deu com tanta boa vontade./ Ai, foi a amiga da amiga da tia da mãe do cunhado do meu amigo que me deu". Se você já proferiu alguma das frases acima pelo menos cinco vezes, é hora de tomar uma decisão crucial a respeito da necessidade de conservar o singelo objeto. Se ainda assim você não se convenceu, lembre-se dos preceitos do feng shui e pratique o desapego. Sua alma fica mais leve, a energia flui melhor, e sua casa adquire, num passe de mágica, uma aparência fresca e jovial como se voltasse à adolescência.

Este endereço vai ser modificado, em breve, para www.mariliafleury.blogspot.com

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